Ter
, 27/11/2012 às 07:40
E-mail mostra proximidade de Rose com Lula
Bruno Boghossian e Eugênia Lopes | Agência Estado
A ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo
indiciada por corrupção na Operação Porto Seguro, Rosemary Nóvoa de
Noronha, afirmou, em e-mail interceptado pela Polícia Federal em março
deste ano, que conversava "todos os dias" com o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
A mensagem foi enviada por Rose a Paulo
Vieira, diretor afastado da Agência Nacional de Águas (ANA), apontado
por investigadores como chefe de uma quadrilha que comprava pareceres
técnicos de órgãos públicos para beneficiar empresas.
"Mandei uma notícia de ultima hora sobre
a alta do PR (presidente da República) e vc nao falou nada... Tenho
falado com ele todos os dias, agora ele já está voltando a política e
logo vou resolver se fico no Gabinete", escreveu Rose a Paulo Vieira. A
sigla PR é usada no Palácio do Planalto para identificar presidentes.
O e-mail foi enviado em 29 de março, um
dia depois que a equipe médica do Hospital Sírio-Libanês confirmou a
remissão total de um tumor na laringe do ex-presidente. Na ocasião, Lula
divulgou um vídeo em que dizia "voltar à vida política".
A operação da Polícia Federal também
teria gravado 122 telefonemas entre o ex-presidente e Rose entre março
de 2011 e outubro deste ano, segundo reportagem publicada pelo jornal Metro. A média seria de cinco ligações por dia.
A oposição cobrou explicações de Lula
sobre a nomeação de Rose, e sobre os contatos entre ela e o
ex-presidente. "Qual o motivo desses contatos, uma vez que ele não
estava mais na Presidência?", indagou o deputado Carlos Sampaio
(PSDB-SP).
A assessoria do Instituto Lula, que representa o ex-presidente, não se manifestou sobre o caso.
Os partidos também querem ouvir
explicações dos diretores de agências nomeados por Rose. Os
parlamentares ainda pedirão esclarecimentos ao advogado-geral da União,
Luís Adams, sobre o envolvimento de seu subordinado José Weber Holanda,
advogado-geral adjunto, no esquema. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo