CONVITE
SUJEIRA NO BRASIL, BRAZIU! é dando que se recebe!
Enviado pela minha amada amiga, Marta Saya, de São Paulo
Saiba por que tudo o que acontece em São Paulo hoje passa pela questão da especulação imobiliária.
A matéria que segue desenha tudo para os eleitores paulistanos.
Brasil Atual: Quem doou a Kassab se deu bem
Construtoras que doaram a Kassab ganham mais de R$ 2 bi em contratos
Para juiz, repasses de construtoras à campanha do prefeito foram ‘investimentos’, com expectativa de bom retorno
Publicado em 08/02/2012, 09:07
São
Paulo – As construtoras que financiaram a eleição de Gilberto Kassab
(PSD) receberam mais de R$ 2 bilhões da Prefeitura de São Paulo no
período entre 2009, primeiro ano do segundo mandato do prefeito, e
janeiro de 2012. A maior parte do dinheiro foi repassado às empresas por
meio de dois projetos municipais, o Programa Mananciais e o Programa de
Urbanização de Favelas, administrados pela Secretaria de Habitação
(SEHAB). Segundo dados da secretaria divulgados em janeiro de 2010, os
programas estão orçados em R$ 3,7 bilhões, sendo R$ 1,31 bilhões para os
mananciais e R$ 2,4 bilhões para as favelas.
A
construtora Camargo Corrêa, maior doadora da campanha de 2008, com R$ 3
milhões, já recebeu da prefeitura mais de R$ 150 milhões, um valor
5.000% maior, em especial por sua participação no Programa Mananciais; a
EIT Empresa Industrial Técnica S/A, segunda da lista de doações, com R$
2 milhões, teve direito a repasses de R$ 148 milhões; a Construtora OAS
Ltda. doou R$ 800 mil e já assinou contratos que lhe valeram mais de R$
193 milhões; a Carioca Christiani Nielsen Engenharia SA doou R$ 100 mil
e recebeu R$ 129 milhões, e a Construtora Passarelli Ltda., doadora do
mesmo valor, recebeu até janeiro R$ 137 milhões.
A Engeform Construções e Comércio Ltda., doadora de R$ 200 mil para Kassab,
teve direito até agora a contratos no valor de R$ 148 milhões. A Kallas
Engenharia doou R$ 40 mil para a campanha e abocanhou R$ 25 milhões por
meio da Operação Urbana Águas Espraiadas, como principal construtora do
projeto. Somados, os valores repassados chegam a R$ 2.081.208.852,50
até janeiro, o que é mais que o orçamento total para a Secretaria
Municipal de Habitação municipal neste ano, de R$ 1,3 bilhão, o segundo
maior valor entre as secretarias de Kassab. Ainda para efeito de
comparação, o investimento habitacional da prefeitura em 2009, dado mais
recente colocado à disposição, foi de R$ 518 milhões. Em 2011, a
administração destinou o valor simbólico de R$ 1.000 para a aquisição de
áreas para habitação, mas este valor sequer foi utilizado – por ser
absolutamente insuficiente para adquirir um único metro quadrado em São Paulo.
Algumas
dessas empresas também foram apontadas pelo Tribunal Regional Eleitoral
de São Paulo como doadoras irregulares na campanha eleitoral de Kassab
em 2008. Em fevereiro de 2010, decisão do juiz da 1ª Zona Eleitoral,
Aloísio Sérgio Resende Silveira, determinou a cassação do mandato do
prefeito com base nas investigações do Ministério Público Eleitoral. O
magistrado constatou que 93,64% da arrecadação para a campanha provieram
do Comitê Financeiro Municipal Único dos Democratas, partido ao qual
Kassab era filiado, além de percentual menor advindo do Diretório
Nacional dos Democratas, “constatando-se doações de fontes vedadas no
percentutal de 31,01% sobre o total arrecadado, identificadas na
representação como as empresas Construções Camargo Corrêa e Serveng
Civilsan S.A, Empresas Associadas de Engenharia que integra o grupo CCR,
a CR Almeida S.A Engenharia de Obras, a Construtora OAS Ltda, a
Associação Imobiliária Brasileira e o Banco Itaú S.A.”
Chamou
atenção do Ministério Público Eleitoral a doação feita pela Associação
Imobiliária Brasileira (AIB), uma entidade que congrega algumas das
maiores empresas do setor. A entidade sustentou que a AIB era uma
artimanha usada para a atuação eleitoral do Secovi, o sindicato das
empresas de habitação. “É uma fachada do Secovi, que é um sindicato, e
sindicato não pode participar de doações”, afirma o promotor Maurício
Lopes, responsável pelo caso, em entrevista à Rede Brasil Atual. O
artigo 24 da Lei Eleitoral veda a doação por entidade de classe ou
sindical, situação que é considerada um abuso de poder econômico,
resultando na cassação de mandato. “Aquilo ficou bem estampado, bem
visível. Agora, também tem uma coisa: é fraude que não se repete. Isso
não vai acontecer de novo este ano. Eles têm só uma chance de aplicar um
golpe desses.”
Além
disso, no entendimento do juiz Aloísio Sérgio Resende Silveira, as
doações veladas feitas pelas empreiteiras à campanha de Kassab não foram
nada mais que um vultoso investimento em um candidato com grandes
chances de se eleger. “É inescondível que tais doadores, em verdade,
nada mais fazem do que ‘adiantar’, ou ‘apostar’, a título de
investimento, vultosas quantias no maior número de candidatos com
viabilidade para se elegerem, parte das quais oriundas de atividade que
deveria ser exercida pelo Poder Público, já que, é forçoso reconhecer,
no mínimo uma parte dos lucros que possibilitam tais doações advém da
distribuição do que decorre diretamente da concessionária de serviço
público – obviamente, por regra mas nem sempre -, na proporção da
participação acionária da empresa integrante do grupo econômico
controlador.”
Parcerias privilegiadas
O
Programa Mananciais foi criado em 1996, durante a gestão de Paulo
Maluf, e teve continuidade nos anos de Celso Pitta, durante os quais
Kassab era secretário de Planejamento, e foi interrompido em 2001,
início da gestão de Marta Suplicy. Em 2005, com a chegada de José Serra à
prefeitura, e tendo Kassab como seu vice, o trabalho é retomado,
oficialmente com a finalidade de promover a “recuperação socioambiental
de favelas e loteamentos precários” em regiões de represas.
Em
2008 começaram a sair os vencedores dos oito lotes de obras abertos
pela administração municipal, uma soma superior a R$ 1 bilhão. Camargo
Corrêa, OAS, EIT, Engeform e Carioca figuraram entre as vencedoras de
cinco lotes, amealhando R$ 645 milhões. A OAS garantiu ainda um lote no
valor de R$ 146 milhões de um outro programa tocado pela Secretaria de
Habitação, o de urbanização de favelas. Não foi uma vitória qualquer: a
empresa ganhou 30 meses e R$ 146 milhões para, ao lado da Constran,
tocar as obras previstas na operação do Real Parque, uma comunidade
localizada dentro do Morumbi, bairro valorizado do ponto de vista
imobiliário.
Em
setembro de 2010, um incêndio destruiu parte da comunidade. No mesmo
mês teve início o processo de urbanização previsto no programa Nova
Paraisópolis, uma ação que, segundo a prefeitura, contará com
investimento de R$ 528 milhões. Naquele mesmo ano, R$ 10 milhões foram
repassados pela administração municipal às construtoras encarregadas do
trabalho, que em janeiro de 2011 entregou as primeiras 140 unidades
habitacionais.