Comissão da Verdade vai retomar caso Anísio Teixeira
COMISSÃO DA VERDADE VAI RETOMAR CASO ANÍSIO TEIXEIRA
Ex-reitor da Universidade de Brasília, um dos maiores educadores do País
morreu de forma misteriosa; dossiê inédito preparado pela filha relata
as perseguições sofridas pelo pai
4 DE NOVEMBRO DE 2012 ÀS 16:39
Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A morte do educador Anísio Teixeira em 1971, no Rio de
Janeiro, é tema de uma audiência pública que a Comissões Nacional da
Verdade (CNV) e a Comissão da Verdade da Universidade de Brasília (UnB)
promovem terça-feira (6), em Brasília. As duas comissões vão analisar as
circunstâncias da morte de Teixeira, ex-reitor da UnB, que foi cassado
pelo golpe militar de 1964. Participarão da audiência o coordenador da
CNV, Cláudio Fonteles, e os demais membros da comissão.
A ideia é sensibilizar a sociedade em busca da verdade sobre os impactos
do regime militar na educação do país. A estimativa é que, apenas entre
estudantes e professores universitários, cerca de 300 pessoas morreram
ou desapareceram durante a ditadura (1964-1985), além daqueles que foram
monitorados e perseguidos. Reitores de 81 universidades contribuem com
as investigações sobre o tema.
O assunto deve fazer parte da reunião de amanhã (5) da Comissão Nacional
da Verdade, em Brasília. A reunião deve durar todo o dia e engloba uma
série de temas desde a missão no Pará.
Na terça-feira, Babi Teixeira, filha do educador, entregará às comissões
um dossiê inédito sobre as circunstâncias da morte do pai e as
perseguições que ele sofreu durante a ditadura. Segundo Babi, o
documento reúne depoimentos de parentes e amigos de Teixeira.
Na audiência pública estarã presentes também Carlos Teixeira, filho do
educador, e o professor de engenharia João Augusto da Rocha, da
Universidade Federal da Bahia, autor do livro Anísio em Movimento,
que tem colaboração de Afrânio Coutinho, Antonio Houaiss, Artur da
Távola, Darcy Ribeiro, Diógenes Rebouças, Luís Filipe Perret Serpa,
Florestan Fernandes, Haroldo Lima, Jorge Hage, Luís Henrique Dias
Tavares e Tales de Azevedo, entre outros.
Nos anos de 1960, Anísio Teixeira projetou, em parceria com Darcy
Ribeiro, a Universidade de Brasília, fundada em 1961. Teixeira foi
reitor da UnB em 1963 e, em 1964, foi cassado pela ditadura. Em março de
1971, o corpo dele foi encontrado no fosso do elevador do prédio do
amigo Aurélio Buarque de Holanda. A versão oficial é que ele foi vítima
de um acidente.