Coaf aponta operações atípicas de R$ 855 mi de juízes e servidores
Publicidade
FELIPE SELIGMAN
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA
Um relatório do Coaf (órgão de inteligência financeira do Ministério da
Fazenda) revela que 3.426 magistrados e servidores do Judiciário fizeram
movimentações consideradas "atípicas" no valor de R$ 855 milhões entre
2000 e 2010.
O documento ressaltou algumas situações consideradas suspeitas, como o
fato de três pessoas, duas delas vinculadas ao Tribunal da Justiça
Militar de São Paulo e uma do Tribunal de Justiça da Bahia, terem
movimentado R$ 116,5 milhões em um único ano, 2008.
Blog do Fred: Juízes do Ceará abrem sigilo em apoio a Eliana
TJ-MT pede que magistrados entreguem declarações de renda
Ex-chefe do TJ-SP liberou R$ 1,5 milhão para si próprio
Juízes de Minas são acusados de promoção ilegal de colegas
TJ-MT pede que magistrados entreguem declarações de renda
Ex-chefe do TJ-SP liberou R$ 1,5 milhão para si próprio
Juízes de Minas são acusados de promoção ilegal de colegas
Segundo o relatório, 81,7% das comunicações consideradas atípicas estão
concentradas no Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (Rio de
Janeiro), Tribunal de Justiça da Bahia e o Tribunal de Justiça Militar
de São Paulo.
Sem apontar nomes ou separar entre servidores e juízes, os dados também
mostram que ocorreram depósitos, em espécie, no total de R$ 77,1 milhões
realizados nas contas dessas pessoas.
O documento de 13 páginas, ao qual a Folha teve acesso, foi
encaminhado na tarde desta quinta-feira ao STF (Supremo Tribunal
Federal) pela corregedora do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), Eliana
Calmon. Ela disse ao STF não ter havido quebra de sigilo para se chegar
às informações.
"Atipicidade" nas movimentações não significa crime ou irregularidade,
mas apenas que aquela operação financeira fugiu aos padrões da norma
bancária e do sistema nacional de prevenção à lavagem de dinheiro.
O Coaf apurou uma relação de 216 mil servidores do Poder Judiciário.
Deste universo, 5.160 pessoas figuraram em 18.437 comunicações de
operações financeiras encaminhadas ao Coaf por diversos setores
econômicos, como bancos e cartórios de registro de imóveis.
As comunicações representaram R$ 9,48 bilhões, entre 2000 e novembro de
2010. O Coaf considerou que a maioria deste valor tem explicação
plausível, como empréstimos efetuados ou pagos.
Dos R$ 855 milhões considerados "atípicos" pelo Coaf, o ápice ocorreu em
2002, quando "uma pessoa relacionada ao Tribunal Regional do Trabalho
da 1a Região", no Rio de Janeiro, movimentou R$ 282,9 milhões.
Em 2010, R$ 34,2 milhões integraram operações consideradas suspeitas.